André Luis
Fanzine Pop,em Rib.Preto
01/09/2018
Nosso entrevistado de hoje é um músico de uma diversidade incrível, jornalista e muito antenado nas novidades Régis Martins hoje divide entre suas duas bandas a Motormama e a Cia Fantasma, com uma carreira com mais de 20 na musica independente e atualmente também apresentando um programa de radio ao lado do também jornalista Chico Ferreira,Régis recebeu Fanzine Pop para uma entrevista em que nós contou sobre seus projetos, visões sobre o mercado editorial, planos para o futuro e um pouco de seus projetos musicais. confiram essa entrevista em nosso ENTREVISTÂO.
Régis contando lá da sua primeira banda a
Motorcyle Mama já são mais de 20 anos de estrada, conte para nós como é ter uma
carreira tão duradora na música independente brasileira.
Aloha Fanzine Pop. Na verdade, minha primeira banda foi Os Egoístas que depois
viria se tornar a Motorcycle Mama. A Motorcycle é de 1991, então lá se vão mais
de 27 anos de estrada. Na verdade, essa carreira só é duradoura porque sempre
fui muito persistente e cabeça-dura. Fazer música no
Brasil, ainda mais no interior de São Paulo, é algo bem insano e ingrato. Às
vezes nem eu sei exatamente como aguentei até agora. Um amor louco, enfim. Só
pode ser.
Ainda sobre o começo a Motorcycle mama recentemente
vem sendo reverenciada por várias pessoas que vivenciaram a cena indie dos anos
90, pessoas como Gabriel Tomaz do Autoramas, que digitalizou e escreveu sobre a
famosa Demo da banda, como é ter esse reconhecimento com ares de cult hoje em
dia.
Nunca
esperei nada disso. Apesar de toda a visão romântica da juventude, os anos 90
não foram nada fáceis pra mim e tudo era na base da improvisação e amadorismo. Tudo era muito mais caro e burocrático,
porém existia uma esperança de que uma grande gravadora iria nos contratar. Era
nosso sonho, algo que hoje é inimaginável. O livro do Gabriel é bem bacana e
informativo e ver nosso trabalho estampado ali é motivo de orgulho. Foi algo
surpreendente.
Os Egoístas que depois veio a se tornar a a Motorclyce Mama banda pioneira em Ribeirão Preto, Regis Martins, João Carlos e Jefferson Barcellos, juntos lançaram um demo que ficou muito conhecida em todo Brasil, mais tarde eles seriam contratados pela Rock IT! de Dado Vila Lobos.
No começo dos anos 2000 surgiu a Motormama, uma
segunda encarnação da primeira banda, como foram os primeiros anos de banda ? e
como era a formação.
Não sei se a Motormama é encarnação de alguma coisa. Na verdade, foi uma
forma de matar os anos 1990, virar a página. Mas acho que não consegui, kkkk.
Mas era uma outra proposta, um outro formato, outras ideias. Os primeiros anos
da banda foram bem legais, porque de
cara, chamamos a atenção da mídia e de selos independentes. Éramos um quarteto
com bateria eletrônica e vocais femininos. De repente, nos tornamos um quinteto
que saia na revista Playboy, na Folha de S. Paulo, na Revista Bizz e já fazia shows por todo o país e lugares
mágicos como o SESC Pompeia. Os cinco primeiros anos do Motormama foram
sensacionais.
Nos últimos anos a Motormama lançou um compacto em
vinil e se apresentou em festivais na Europa e no Canadá, quais são os próximos projetos
da banda.
A
Motormama se apresentou em dois festivais internacionais. Em 2011, tocamos no
festival Pop Montreal, no Canadá, e foi bem legal. Mas em 2014, foi algo muito
mais louco, ou seja, tocar no Primavera Sound, em Barcelona, um dos maiores
festivais do mundo. Neste meio tempo, lançamos o compacto em vinil, que até
hoje é um dos produtos nossos que mais vende. O próximo projeto é comemorar em
2019, os 20 anos de banda. O objetivo primordial é lançar uma coletânea com
nossos grandes sucessos (risos). É sério!
Foto de um das primeiras formações da Motormama, banda em que Regis toca ao lado da esposa Gisele Zordão, em todos os anos de atividade a Motormama já se apresentou em varias cidades do interior e do pais e também alçou voos internacionais como o Primavera Sound na Espanha, banda sempre nós brindando com bons sons e melodias.
Você teve trabalho lançado pela Rock It gravadora de
Dado Vila Lobos nos anos 90, como você a atual cena das gravadoras, e o que
mudou de lá cá.
Bom,
com o advento da tecnologia digital, as gravadoras simplesmente deixaram de ser
prioridade para os artistas. Nos anos 1990, não era possível pensar em gravar
um disco sem o apoio delas. Tudo era muito caro e complicado. A internet mudou
tudo isso. Mas vejo os selos novamente se reerguendo graças às plataformas
digitais. Claro que não dá mais pra ficar rico vendendo discos. Outros
tempos...
`` Apesar de toda a visão romântica da juventude, os anos 90 não foram nada fáceis pra mim e tudo era na base da improvisação e amadorismo ´´
Regis Martins
Paulistano de nascimento, mas morador de Ribeirão Preto
desde pequeno, como você analisa a cena musical da cidade.
Na
verdade, moro em Ribeirão desde a adolescência, pois vim pra cá com 15 anos.
Mas acho que Ribeirão teve uma grande fase nos anos 1990 e ainda hoje tem boas
bandas e artistas ralando muito, mas não existe público suficiente e nem espaço
para o autoral. As coisas pioraram muito nos últimos anos. É triste ver tanta
gente de talento tendo que se mudar pra São Paulo pra tentar acontecer. É o que
chamo de êxodo musical.
Com um gosto musical que vai de Butthole Surfes a Lô
Borges, de Mutantes a Sonic Youth, o que você ouve atualmente.
Faltou Neil Young ai que é meu grande ídolo. Quanto as novidades, sou
ruim de ficar ouvindo artistas com menos de 15 anos de carreira, mas fico
atento. Gosto muito de Arcade Fire, que nem são tão novos assim, e outros artistas
canadenses mais jovens como Lisa Leblanc e Les Deuxluxes. Curto Jack White,
Thee Oh Sees, Ty Segall, Father John Misty e gostei muito do disco mais recente
de um cara chamado Ariel Pink Loucaço. No Brasil, tem Boogarins, O Terno, Lê
Almeida, Vitreaux. Caramba, olha só quanta gente...
Seu projeto paralelo a Cia Fantasma lançou recentemente
o single Bem Vindo, Irmão Caveira que nos mostra uma inclinação mais folk e
psicodélica, como é seu lado mais acústico.
Cia
Fantasma é algo mais minimalista e lo-fi. Queria algo menos trabalhoso que a
Motormama pra tocar em botecos e em vários formatos. Os discos são bem
despojados, quase que gravados ao vivo. E uma forma de não ficar parado. Até
ano que vem, lanço um EP novo. As músicas já estão quase prontas.
Jornalista de Formação, como você vê o jornalismo
musical no pais hoje dia, e o cenário do mercado editorial de revistas e
jornais, as revistas sobre música fazem falta hoje em dia.
Escolhi duas profissões na vida que estão sempre em crise: jornalismo e
música. O fato é que o mercado editorial está numa de suas piores fases.
Imagine uma editora Abril desaparecendo do mapa? É muito triste, porque
significa muita gente sem emprego. As revistas sobre música fazem muita falta sim. Por anos, elas nos ajudaram muito,
divulgando nosso trabalho e lançando tantas coisas boas (e ruins também,
claro). Mas, ao que tudo indica, não tem mais volta.
Finalizando queria agradecer sua atenção ao nosso
blog, deixe uma mensagem aos fãs da Motormama e da Cia Fantasma e a nossos
leitores.
Eu que
agradeço pelo espaço... A
luta continua, juventude! Fé na música e pé na estrada!!!!